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Foto do escritorPedro Feitosa

Moda & tecnologia

A tecnologia e a moda, embora possam aparentar ser áreas distantes, estão intensamente coligadas. Ambas as áreas estão em constante evolução, influenciam entre si e, principalmente, assemelham-se no ponto de retratar a sociedade contemporânea. Essa coligação promove uma interferência na cadeia têxtil, desde a criação até o consumidor, impactando assim em todo o business models.

O reflexo da relação entre as áreas supracitadas é a necessidade constante de atualização de todos os membros envolvidos no setor da moda. A inovação é um requisito imensurável no processo produtivo e resulta na atração dos consumidores. Do setor têxtil ao de negócios da moda, todos necessitam inovar (em produtos e consumo), e uma das saídas é a estimulação do fascínio aos consumidores via diferenciação tecnológica.

A busca insaciável por praticidade e benefício dos consumidores (intensificada após a internet) é algo notório na sociedade atual, e como resposta, estratégias inovadoras vêm sendo implementadas no mundo da moda para fornecer tais requisitos. Mencionarei então, algumas inovações no setor que unem beleza estética e funcionalidade, agregando na peça valor e propósito:


Wearable (Tecnologias vestíveis): As tecnologias vestíveis são aquelas onde, literalmente, é possível utilizar a peça no corpo, sendo roupas, acessórios, relógios, entre outros. Geralmente contém (além do tecido) genuínos gadgets vestíveis ou tecnologias disruptivas embutidas. A seguir, dois exemplos evidenciando presença de gadgets e tecnologias disruptivas em vestimentas, respectivamente:

Google Glass, produzido em colaboração entre a estilista belga Diane Von Furstenberg e o Google em sua estreia na New York Fashion Week.


Vestido mecânico acionado por controle remoto (coeção One Hundred And Eleven, 2007), do designer chipriota, Hussein Chalayan.


Tecidos tecnológicos: Promovendo também inovações no setor temos os tecidos tecnológicos, que são produzidos a partir de fibras sintéticas e implementados com diversas propriedades com o propósito de promover segurança e conforto ao usuário. Existem para diversas finalidades, como: Anti-UV, supermicrofibra, hidratante, impermeável, antibacteriano, entre outros.


Exemplo de Supermicrofibra, composto por filamentos extremamente finos ofertando conforto térmico e performance. Tipo de tecido que colabora com a sustentabilidade na moda.


Roupas Virtuais: Outra tendência inovadora em ascensão é a das roupas virtuais, que podem ser manipuladas virtualmente em softwares 3D. A princípio parece algo inútil pois está fora do plano real, todavia, uma análise mais profunda evidencia o positivismo na inovação. Com a finalidade de reduzir o impacto ambiental do processo de produção têxtil, o consumidor consegue analisar esteticamente como a peça ficaria em seu corpo, sem de fato vesti-la ou sequer produzi-la.


“Gucci Virtual 25”, o tênis virtual lançado pela grife que chamou a atenção das mídias recentemente.

“Iridescense”, o primeiro vestido somente virtual da cadeia. Produzido pela empresa alemã “The Fabricant”, foi vendido por U$9500.


Interessante pontuar, segundo artigo da Worth Global Style Network (WGSN), esse novo direcionamento da moda impactará o mercado de trabalho, criando profissões como alfaiate digital e designers 3D, resultando em uma mudança significativa na indústria. No mesmo relatório é notado também o reflexo do universo digital nos consumidores, evidenciado, por exemplo, que os metálicos de alto brilho, materiais iridescentes e cores vibrantes saturadas estão cada vez mais em alta, pois são tendências que remetem ao mundo virtual.


Gradualmente a distância entre real e virtual vai estreitando, ou melhor, estão cada vez mais coligadas e influenciando entre si. A certeza que podemos ter do futuro é que o dinamismo no setor da moda é por natureza, logo, vai seguir em ascensão nos próximos anos, sofrendo ainda intensificação por tendências contemporâneas como a tecnologia em si, o consumo consciente, moda ética, logística reversa, aquecimento global, business models, entre outras problemáticas.


Vale lembrar que moda é uma maneira de retratação da sociedade, portanto, nunca devemos esquecer da ênfase no ser humano pois, exclusivamente, o comportamento do consumidor que ditará seu futuro. É tendência também que pautas como sustentabilidade, representatividade, moda confortável e comunicação exclusiva tornem-se requisitos indispensáveis na hora de optar por uma marca. É imprescindível, portanto, a contextualização dos trabalhadores do setor e enfoque na inovação como atividade contínua, pois assim como a moda os consumidores são dinâmicos.


Em suma, é nítido a correlação constante entre a tecnologia e a moda. Apesar do desafio de atuar em um setor tão contextualizado e volátil, a incerteza a longo prazo instiga os apaixonados pela área, proporcionando cada vez mais uma série de acontecimentos e inovações surpreendentes em prol de um propósito semelhante. Encerro com um trecho da escritora e fundadora do FashMash, Rachel Arthur, citado em seu TedTalk sobre moda e sustentabilidade: “Inovar é essencial, todavia, sair da frivolidade e usufruir da tecnologia em prol do futuro da sustentabilidade é muito mais”.



Referências:

Raquel, Rabelo Andrade et.al. A tecnologia e o processo de desenvolvimento de produto de moda. Disponível em: <http://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202010/71749_A_tecnologia_e_o_processo_de_desenvolvimento_de_produt.pdf> . Acesso em 15 apr. 2021.

Marques, Alexandre. Tecnologia Fashion ou Moda Tecnológica, 2016. Disponível em: <https://medium.com/neworder/tecnologia-fashion-ou-moda-tecnologica-2cc7f03f6ed4>. Acesso em 15 apr. 2021.

Arthur, Rachel. Fashion and Technology: From Frivolity To Sustainability, TEDxConventGardenWomen, 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FbsGRknLYg4>. Acesso em 15 apr. 2021.


1 Comment


Bruno Gieulles Fagundes
Bruno Gieulles Fagundes
Apr 18, 2021

Acho que a tecnologia pode ajudar e muito a democratizar a moda, como deu pra ver nos recentes desfiles virtuais das marcas.

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